sábado, 9 de março de 2013

Dia Internacional da Mulher


          E passou mais um 8 de março, Dia Internacional da Mulher. Estamos em 2013, mas, nas redes sociais, ainda prevaleceram postagens exaltando a feminilidade, graciosidade e delicadeza das mulheres, ao parabenizá-las pelo "seu dia". Será que estas são características das mulheres, no geral? Aliás, será que o Dia Internacional das Mulheres serve para isso, parabenizar as mulheres no geral?


          Bem, voltemos à origem desta data.


        Neste dia, do ano de 1857, as operárias têxteis de uma fábrica de Nova Iorque entraram em greve, ocupando a fábrica, para reivindicarem a redução de um horário de mais de 16 horas por dia para 10 horas. Estas operárias que, nas suas 16 horas, recebiam menos de um terço do salário dos homens, foram fechadas na fábrica onde, entretanto, se declarara um incêndio, e cerca de 130 mulheres morreram queimadas. 


       Na Rússia, as comemorações do Dia Internacional da Mulher foram o estopim da Revolução russa de 1917. Em 8 de março de 1917 (23 de fevereiro pelo calendário juliano), a greve das operárias da indústria têxtil contra a fome, contra o czar Nicolau II e contra a participação do país na Primeira Guerra Mundial precipitou os acontecimentos que resultaram na Revolução de Fevereiro. Leon Trotsky assim registrou o evento: “Em 23 de fevereiro (8 de março no calendário gregoriano) estavam planejadas ações revolucionárias. Pela manhã, a despeito das diretivas, as operárias têxteis deixaram o trabalho de várias fábricas e enviaram delegadas para solicitarem sustentação da greve. Todas saíram às ruas e a greve foi de massas. Mas não imaginávamos que este dia das mulheres viria a inaugurar a revolução”.

      Após a Revolução de Outubro, a feminista bolchevique Alexandra Kollontai persuadiu Lenin para torná-lo um dia oficial que, durante o período soviético, permaneceu como celebração da “heroica mulher trabalhadora”.

       (tirei o texto da wikipédia. Não há um consenso histórico sobre o primeiro parágrafo mas resolvi transcrevê-lo pois é o que comumente nos é ensinado nas escolas)


       Atualmente o 8 de março é uma grande mistura de dia das mães e dia dos namorados; mais uma data comercial que acaba trazendo à tona esteriótipos opressores da nossa sociedade. Mulheres ganham presentes dos seus pais, maridos e chefes. Rosas e sapatos são vendidos aos montes. Mesmo assim, apesar da suposta valorização da mulher, continuamos aprendendo que tem coisas que os homens podem fazer e que nós não podemos. Continuamos ganhando menos no mercado de trabalho. Continuamos com nossas jornadas duplas ou triplas. Continuamos sendo esteriotipadas. Continuamos sendo chamadas de vadias por gostar de sexo. Continuamos sendo espancadas e mortas, pelo simples fato de termos nascido mulheres.

       Não posso concordar com essa lógica. Para mim, o dia 8 de março tem classe: Dia Internacional da mulher proletária, que luta, que diariamente é oprimida pelo sistema, que sofre, que é explorada, que não desiste – a HEROICA MULHER TRABALHADORA.

           
        Que o 8 de março seja uma data para repensarmos desde a educação que damos às nossas crianças até a forma como agimos diariamente . Para lembrarmos que a valorização da mulher não se dá pelo comprimento da sua roupa, mas pela mudança de toda a sociedade. Para percebermos que as características femininas estão, há muito, deturpadas pelo sistema. Para desejarmos que a liberação sexual das mulheres pare de ser uma utopia e vire realidade. Lembrarmos que as mulheres não se distinguem em "pra namorar" e "pra transar". Compreendermos que a mulher possui direito absoluto sobre seu corpo e somente a ela cabe decidir o que fazer com ele. Que mulheres podem amar outras mulheres. Percebermos que a mídia nos aprisiona dentro de um padrão de beleza a cada dia mais impossível. Que temos o direito de andar na rua, nos ônibus, nos metrôs sem sermos assediadas. Entendermos que mulheres gostam de sexo e merecem o prazer. Que somos diferentes, mas temos que lutar lado a lado

                    



       Tanto mais podia ser dito, mas tentarei resumir e deixar claro: não queremos flores dia 8 de março, queremos DIGNIDADE e RESPEITO!






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