segunda-feira, 1 de abril de 2013

A atualidade de um Porto (não muito) Alegre, mas DE LUTA!


O poder está de volta às ruas de Porto Alegre. E não falo aqui de poder militar, policial ou quaisquer outras manifestações desse tipo. O poder popular, o verdadeiro poder, está de volta às ruas de Porto Alegre.

Entenda o caso. Não é atual a notícia de que as passagens do transporte coletivo da capital gaúcha figuram entre as mais caras do país (antes do último aumento em 21 de março deste ano, o preço estava em R$2,85 perdendo o “posto” apenas para São Paulo – onde com R$3,00 tu pode fazer até quatro viagens de ônibus). Porto Alegre é uma capital de área territorial pequena (cerca de 500 mil km²) e seu sistema de transporte coletivo não realiza grandes itinerários de forma a corresponder a essa tarifa exorbitante.

Mas peraê! Isso não é invenção maluca da minha cabeça! Vamos aos dados...

No final do ano passado, o Ministério Público de Contas (MPC) apresentou uma medida cautelar ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) de forma que este deveria rever o cálculo das passagens. Ao final deste processo, o MPC lançou uma orientação dizendo que o valor da passagem deveria estar em R$2,60 – e, então, iniciou-se uma discussão se haveria redução dos valores e, até, se esta seria, ou não, retroativa (como não há possibilidade de devolver o valor pago a cada um dos passageiros, a retroatividade apresentava-se como uma redução para além dos R$2,60 propostos). Para situar vocês, esta decisão teve sua última instância no início de março.

Uma pequena observação para os que não são de Porto Alegre: o transporte coletivo daqui é um completo lixo. Atrasos, superlotação e falta de segurança fazem parte do cotidiano. Os pontos de ônibus estão completamente descuidados pela prefeitura. As únicas obras que estão sendo feitas no sentido de “melhorar” o transporte é a implantação dos corredores BRT (Bus Rapid Transit) – uma obra da Copa que tem atrapalhado o trânsito muito mais que ajudado.

Pois bem, voltemos. Ao fim desde mês (dia 21), o prefeito José Fortunatti (PDT), junto com a EPTC (Empresa Pública de Transporte e Circulação), resolveu ignorar a orientação do MPC e aumentou a passagem. Aumentaram. De novo. O valor não chegou aos ridículos R$3,30 que as empresas de ônibus estavam pedindo, mas para os (pouco menos) absurdos R$3,05 (6,51% de aumento). Óbvio, como todo ano acontece, a “culpa” do aumento caiu sobre as gratuidades, isenções, meias passagens, salários dos rodoviários, etc, etc, etc. E muita gente caiu nessa.

Mas ainda há esperança!

Não foram todos que engoliram este aumento – muito pelo contrário! Antes dele ser decretado, cinco atos já haviam sido realizados. Com o aumento, manifestações populares eclodiram nas redes sociais. Um primeiro ato aconteceu na noite de segunda feira (dia 25) quando os manifestantes fecharam a Avenida Ipiranga (uma das maiores e mais movimentadas daqui) – cerca de 200 pessoas protestaram em frente à PUC-RS e depois seguiram pela avenida, bloqueando o trânsito.




Na quarta feira, dia 27, um novo ato em frente à prefeitura reuniu centenas de manifestantes bradando sua contrariedade ao reajuste. Como (infelizmente) já é de praxe aqui na capital, a Brigada Militar resolveu “lidar com os manifestantes” e lançou bombas de efeito moral. Com isso houve revolta dos que ali estavam e a violência aumentou: a prefeitura teve portas pichadas, vidros quebrados e outras avarias patrimoniais. O secretário municipal de Governança, Cézar Busatto (PMDB), teve sua roupa manchada por tinta lançada pelos manifestantes. Estes sofreram a truculência da polícia. Uma manifestante foi detida e o ato só terminou quando ela foi liberada.



Recua polícia, recua! É o Poder Popular que está na rua!


Pois bem, depois disso tivemos que aguentar o Lasier Martins (jornalista da afiliada da Rede Globo no RS) falar mais de suas besteiras durante o noticiário local. Chamou os manifestantes de bárbaros, animais. Disse que eles não tiveram sensibilidade com a semana de aniversário de Porto Alegre (!!!) – como se o prefeito tivesse pensado nos 241 anos completados no último dia 26 antes do aumento – e que estes atos eram realizados por “figurinhas carimbadas” que levam outros a depredar patrimônio e não trazem nenhum benefício à população. Nas redes sociais, discussão e mais discussão, porém com a maior parte das pessoas apoiando os populares e suas ações.



Hoje mais um ato foi realizado. Mais de DEZ MIL pessoas foram contabilizadas. Para tristeza dos direitistas, nenhuma “depredação do patrimônio” aconteceu. Ahhh, sim! Ia me esquecendo: na tarde de hoje o prefeito reuniu-se com “representantes estudantis” para discutir o aumento das passagens. Coincidentemente (só que não), o DCE da UFRGS não estava representado nesta reunião. Os membros da UEE (União Estadual de Estudantes) – entidade que não representa ninguém, é filiada à UNE e extorque os estudantes anualmente pedindo valores absurdos para a confecção de carteiras de passe escolar – disseram ter convidado o DCE (uma das principais entidades organizadoras dos atos), mas não chegou nenhum convite! Conversas a portas fechadas com entidades que têm claras ligações com o governo, não representam a população, muito menos os estudantes, ô seu prefeito! Aprenda isso!



Porto Alegre está nas ruas, nós não iremos parar até essa passagem baixar o preço. Até este transporte ser digno. Até a população ser ouvida.



Se a passagem não baixar, Porto Alegre vai PARAR!

Desculpem o tamanho do texto, estou empolgada!




Para quem tá em busca de maiores informações: googleia a Zero Hora (jornal das organizações Globo) ou vai nesses links:
Sul 21 - protesto
Sul 21 - Reunião prefeitura