E passou mais um 8 de
março, Dia Internacional da Mulher.
Estamos em 2013, mas, nas redes sociais, ainda prevaleceram postagens exaltando
a feminilidade, graciosidade e delicadeza das mulheres, ao parabenizá-las pelo
"seu dia". Será que estas são características das mulheres, no geral?
Aliás, será que o Dia Internacional das Mulheres serve para isso, parabenizar
as mulheres no geral?
Bem, voltemos à origem desta data.
Neste dia, do ano de 1857, as
operárias têxteis de uma fábrica de Nova Iorque entraram em greve, ocupando a
fábrica, para reivindicarem a redução de um horário de mais de 16 horas por dia
para 10 horas. Estas operárias que, nas suas 16 horas, recebiam menos de um
terço do salário dos homens, foram fechadas na fábrica onde, entretanto, se
declarara um incêndio, e cerca de 130 mulheres morreram queimadas.
Na Rússia, as comemorações do Dia Internacional da Mulher
foram o estopim da Revolução russa de 1917. Em 8 de março de 1917 (23 de fevereiro pelo calendário
juliano), a greve das operárias da indústria têxtil contra
a fome, contra o czar Nicolau II e contra a participação do país
na Primeira Guerra Mundial precipitou os acontecimentos que resultaram na Revolução
de Fevereiro. Leon Trotsky assim registrou o evento: “Em 23 de
fevereiro (8 de março no calendário gregoriano) estavam
planejadas ações revolucionárias. Pela manhã, a despeito das diretivas, as
operárias têxteis deixaram o trabalho de várias fábricas e enviaram delegadas
para solicitarem sustentação da greve. Todas saíram às ruas e a greve foi de
massas. Mas não imaginávamos que este ‘dia
das mulheres’ viria a
inaugurar a revolução”.
Após a Revolução de Outubro, a feminista bolchevique Alexandra
Kollontai persuadiu Lenin para torná-lo um dia oficial que, durante o período
soviético, permaneceu como celebração da “heroica
mulher trabalhadora”.
(tirei o texto da
wikipédia. Não há um consenso histórico sobre o primeiro parágrafo mas resolvi
transcrevê-lo pois é o que comumente nos é ensinado nas escolas)
Atualmente o 8 de março é uma grande mistura de dia das mães e dia
dos namorados; mais uma data comercial que acaba trazendo à tona esteriótipos opressores da nossa
sociedade. Mulheres ganham presentes dos seus pais, maridos e chefes. Rosas e
sapatos são vendidos aos montes. Mesmo assim, apesar da suposta valorização da
mulher, continuamos aprendendo que tem coisas que os homens podem fazer e que
nós não podemos. Continuamos ganhando menos no mercado de trabalho. Continuamos
com nossas jornadas duplas ou triplas. Continuamos sendo esteriotipadas.
Continuamos sendo chamadas de vadias por gostar de sexo. Continuamos sendo
espancadas e mortas, pelo simples fato de termos nascido mulheres.
Não posso concordar com essa lógica. Para mim, o dia 8 de março tem classe: Dia Internacional da mulher proletária, que luta, que
diariamente é oprimida pelo sistema, que sofre, que é explorada, que não
desiste – a HEROICA MULHER
TRABALHADORA.
Que o 8 de março seja uma data para repensarmos desde a educação
que damos às nossas crianças até a forma como agimos diariamente . Para
lembrarmos que a valorização da mulher não se dá pelo comprimento da sua roupa,
mas pela mudança de toda a sociedade. Para percebermos que as características
femininas estão, há muito, deturpadas pelo sistema. Para desejarmos que a
liberação sexual das mulheres pare de ser uma utopia e vire realidade.
Lembrarmos que as mulheres não se distinguem em "pra namorar" e
"pra transar". Compreendermos que a mulher possui direito absoluto sobre
seu corpo e somente a ela cabe decidir o que fazer com ele. Que mulheres podem
amar outras mulheres. Percebermos que a mídia nos aprisiona dentro de um padrão
de beleza a cada dia mais impossível. Que temos o direito de andar na rua, nos
ônibus, nos metrôs sem sermos assediadas. Entendermos que mulheres gostam de
sexo e merecem o prazer. Que somos diferentes, mas temos que lutar lado a lado.
Tanto mais podia ser dito, mas tentarei resumir e deixar claro:
não queremos flores dia 8 de março, queremos
DIGNIDADE e RESPEITO!
.