O poder está de
volta às ruas de Porto Alegre. E não falo aqui de poder militar,
policial ou quaisquer outras manifestações desse tipo. O poder popular, o
verdadeiro poder, está de volta às ruas de Porto Alegre.
Entenda o
caso. Não é atual a notícia de que as passagens do transporte coletivo da
capital gaúcha figuram entre as mais caras do país (antes do último aumento em
21 de março deste ano, o preço estava em R$2,85 perdendo o “posto” apenas para
São Paulo – onde com R$3,00 tu pode fazer até quatro viagens de ônibus). Porto
Alegre é uma capital de área territorial pequena (cerca de 500 mil km²) e seu
sistema de transporte coletivo não realiza grandes itinerários de forma a
corresponder a essa tarifa exorbitante.
Mas peraê! Isso não é
invenção maluca da minha cabeça! Vamos aos dados...
No final do
ano passado, o Ministério Público de Contas (MPC) apresentou uma medida
cautelar ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) de forma que este deveria rever
o cálculo das passagens. Ao final deste processo, o MPC lançou uma orientação
dizendo que o
valor da passagem deveria estar em R$2,60
– e, então, iniciou-se uma discussão se haveria redução dos valores e,
até, se esta seria, ou não, retroativa (como não há possibilidade de devolver o
valor pago a cada um dos passageiros, a retroatividade apresentava-se como uma
redução para além dos R$2,60 propostos). Para situar vocês, esta decisão teve
sua última instância no início de março.
Uma pequena
observação para
os que não são de Porto Alegre: o transporte coletivo daqui é um
completo lixo. Atrasos, superlotação e falta de segurança fazem parte do
cotidiano. Os pontos de ônibus estão completamente descuidados pela prefeitura.
As únicas obras que estão sendo feitas no sentido de “melhorar” o transporte é
a implantação dos corredores BRT (Bus Rapid Transit) – uma obra da Copa que tem
atrapalhado o trânsito muito mais que ajudado.
Pois bem, voltemos.
Ao fim desde mês (dia 21), o prefeito José Fortunatti (PDT), junto com a EPTC
(Empresa Pública de Transporte e Circulação), resolveu ignorar a orientação do
MPC e aumentou
a passagem. Aumentaram. De novo. O valor não chegou aos ridículos
R$3,30 que as empresas de ônibus estavam pedindo, mas para os (pouco menos)
absurdos R$3,05 (6,51% de aumento). Óbvio, como todo ano acontece, a “culpa” do
aumento caiu sobre as gratuidades, isenções, meias passagens, salários dos
rodoviários, etc, etc, etc. E muita gente caiu nessa.
Mas ainda há
esperança!
Não foram
todos que engoliram este aumento – muito pelo contrário! Antes dele ser
decretado, cinco atos já haviam sido realizados. Com o aumento, manifestações
populares eclodiram nas redes sociais. Um primeiro ato aconteceu na noite de
segunda feira (dia 25) quando os manifestantes fecharam a Avenida Ipiranga (uma
das maiores e mais movimentadas daqui) – cerca de 200 pessoas protestaram em
frente à PUC-RS e depois seguiram pela avenida, bloqueando o trânsito.
Na quarta
feira, dia 27, um novo ato em frente à prefeitura reuniu centenas de
manifestantes bradando sua contrariedade ao reajuste. Como (infelizmente) já é
de praxe aqui na capital, a Brigada Militar resolveu “lidar com os
manifestantes” e lançou bombas de efeito moral. Com isso houve revolta dos que
ali estavam e a violência aumentou: a prefeitura teve portas pichadas, vidros
quebrados e outras avarias patrimoniais. O secretário municipal de Governança, Cézar Busatto (PMDB),
teve sua roupa manchada por tinta lançada pelos manifestantes. Estes sofreram
a truculência da polícia. Uma manifestante foi detida e o ato só terminou
quando ela foi liberada.
Recua polícia, recua! É o Poder Popular
que está na rua!
Pois bem,
depois disso tivemos que aguentar o Lasier Martins (jornalista da afiliada da
Rede Globo no RS) falar mais de suas besteiras durante o noticiário local.
Chamou os manifestantes de bárbaros, animais. Disse que eles não tiveram
sensibilidade com a semana de aniversário de Porto Alegre (!!!) – como se o
prefeito tivesse pensado nos 241 anos completados no último dia 26 antes do
aumento – e que estes atos eram realizados por “figurinhas carimbadas” que
levam outros a depredar patrimônio e não trazem nenhum benefício à população.
Nas redes sociais, discussão e mais discussão, porém com a maior parte das
pessoas apoiando os populares e suas ações.
Hoje mais um
ato foi realizado. Mais de DEZ MIL pessoas foram contabilizadas. Para tristeza dos direitistas, nenhuma “depredação
do patrimônio” aconteceu. Ahhh, sim! Ia me esquecendo: na tarde de hoje o
prefeito reuniu-se com “representantes estudantis” para discutir o aumento das
passagens. Coincidentemente (só que não), o DCE da UFRGS não estava
representado nesta reunião. Os membros da UEE (União Estadual de Estudantes) –
entidade que não representa ninguém, é filiada à UNE e extorque os estudantes
anualmente pedindo valores absurdos para a confecção de carteiras de passe
escolar – disseram ter convidado o DCE (uma das principais entidades
organizadoras dos atos), mas não chegou nenhum convite! Conversas a portas fechadas
com entidades que têm claras ligações com o governo, não representam a
população, muito menos os estudantes, ô seu prefeito! Aprenda isso!
Porto Alegre
está nas ruas, nós não iremos parar até essa passagem baixar o preço. Até este
transporte ser digno. Até a população ser ouvida.
Se a passagem não baixar, Porto Alegre
vai PARAR!
Desculpem o tamanho do texto, estou empolgada!
Para quem tá em busca de maiores informações: googleia a
Zero Hora (jornal das organizações Globo) ou vai nesses links:
Sul 21 - protesto
Sul 21 - Reunião prefeitura
Sul 21 - protesto
Sul 21 - Reunião prefeitura
Sul 21 - Fortunati diz que o protesto é baderna
Sul 21 - Determinação TCE
Sul 21 - População concorda com os atos
Sul 21 - Determinação TCE
Sul 21 - População concorda com os atos
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